Família

Amada minha, meu coração arde por ti
Me faz tão bem ouvir o som da tua voz
Te amo, amada minha.
Amada minha, te espero em nosso jardim
Meu coração quer atrair o teu a mim
Te amo amada minha.

Meu amor é como o fogo, arde como o sol
As águas não poderão o afogar, meu amor não se apagará. (2x)

Amado meu, roubaste o meu coração com o teu olhar
Agora eu sou pra sempre teu
Te amo, amado meu.
Amado meu te espero em nosso jardim
Meu coração quer atrair o teu a mim
Te amo amado meu.

Meu amor é como o fogo, arde como o sol.
As águas não poderão o afogar, meu amor não se apagará.(2x)
As águas não poderão o afogar, meu amor não se apagará.



MAL NECESSÁRIO
A presença do pai, bem como a carência em relação ao mesmo, segundo Lacan, não está necessariamente ligada a sua presença ou ausência física, sendo função simbólica. Poderíamos enfatizar dizendo que o maior papel do pai está no desejo da mãe, ou seja, o desejo materno destinado a um homem que ocupa o lugar do pai. Poderíamos acrescentar que o pai é como um suporte para a mãe. Segundo Miller (apud Faria, 2003, p. 153) “o desejo da mãe deve se dirigir para um homem e ser atraído por ele”.
Para Ceccarelli (2002), a existência de algo que separa e mãe e o filho é condição fundamental para a constituição do sujeito. No entanto, dar a isto o nome de “função paterna” é ainda um reflexo do patriarcado que vivemos, existindo ainda a necessidade de que esse papel seja cumprido pelo homem.
Segundo Lacan, a família é um mal necessário uma vez que a condição humana é prematura; o homem nasce prematuro, incapaz de se desenvolver só, sem o outro. Portanto, ao mesmo tempo em que o sujeito surge de uma demanda da família, a família também existe enquanto demanda do sujeito, uma vez que é ele que a “alimenta” e a mantém viva.
A constituição do sujeito na família depende do outro, de reconhecer-se e ser reconhecido, de negociar um lugar com o outro, de receber uma função e se deslocar como sujeito autônomo e dependente. Fica patente nos estudos lacanianos que se depende do outro para ocupar uma função.
Desta forma, podemos pensar que nos valorizamos enquanto sujeito em relação ao lugar que os outros nos dão, e da mesma forma nos desvalorizamos.
É interessante, portanto, perceber, antes de qualquer coisa, o lugar que o filho ocupa na família e nos desejos de seus pais, para entender sua subjetividade. Daí a importância de refletirmos as funções paternas e maternas, não procurando entendê-las enquanto funções isoladas e independentes, mas como constituintes do sujeito na família.
REFERÊNCIAS :
CECCARELLI, P. R. Configurações Edípicas da contemporaneidade: reflexões sobre as novas formas de filiação. São Paulo: Revista de Psicanálise, 2002. Ano XV, p. 88-98.
DOR, J. O pai e sua função em Psicanálise. Jorge Zahar editor, 1991.
EIGUER, A. Um divã para a família - do modelo grupal à terapia familiar psicanalítica. Porto Alegre: Artes médicas, 1985.
FARIA, M. R. Constituição do sujeito e estrutura familiar - o complexo de Édipo de Freud a Lacan. Taubaté: Cabral Editora e Livraria Universitária, 2003.
PASSOS, M. C. Homoparentalidade: uma entre outras formas de ser família. Psicologia Clínica, PUC-RJ, v. 17, p. 31-43, 2005.